“Tento sentir a mesma emoção que o torcedor sente” – diz narrador da Difusora.
Luiz Gustavo Gasparino se formou em Jornalismo
no ano de 2005, em São João da Boa Vista. Assim que entrou no mercado de
trabalho, atuou como repórter, fez plantões e comentários esportivos. Sempre
ouvia dos amigos para tentar carreira como narrador, mas sentia receio de
encarar o desafio devido à sua timidez. Em 2012 surgiu uma oportunidade na semifinal
da taça EPTV de futsal. O narrador que iria transmitir o jogo ficou rouco e
gripado no dia da partida. Sem tempo hábil para correr atrás de outra pessoa, a
solução foi chamar Gasparino para narrar. E desde então, o jovem narrador vem se
aprimorando para evoluir cada vez mais nas transmissões de jogos amadores e
profissionais.
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Renan Muniz e Gasparino durante a entrevista. |
Em 2015 recebi um convite do pessoal da Rádio
Difusora, que conheceram meu trabalho através de indicações do pessoal de São
João. Eu sempre cubro os campeonatos amadores de lá e eles me trouxeram para
cobrir o profissional em Poços. Foi uma aposta deles e um desafio muito grande
para mim. Hoje fico muito feliz em estar trabalhando aqui e cobrindo os jogos
da Caldense.
Você já tinha uma
simpatia com a Caldense, torcia pelo clube ou isso começou depois que começou a
trabalhar em Poços?
Sempre tive uma simpatia com o clube. A Caldense
é a principal equipe do sul de Minas e leste Paulista. Invariavelmente vinha a
Poços para assistir os jogos da Veterana, principalmente contra Atlético e
Cruzeiro. Já tomei chuva, já tomei sol e sempre torci muito. Gosto muito de
futebol em geral, confesso que também acompanhei também o Rio Branco de Andradas.
Mas a Caldense é uma paixão muito grande e desde que comecei a narrar os jogos
do clube, essa paixão ficou muito grande e hoje não consigo narrar um gol da
Veterana se não for torcendo junto, pois fico muito emocionado e sempre torço
para o time crescer ainda mais no cenário do futebol.
Quais dificuldades
você encontra no seu ramo de atuação?
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O narrador Luiz Gustavo Gasparino. |
Não vejo muitas dificuldades, pelo menos no meu
caso, que estou começando. Talvez os narradores mais experientes tenham mais
histórias para contar. Confesso que ainda estou aprendendo a narrar, buscando
coisas novas. Apesar da estrutura de alguns estádios não ser muito boa, sempre
somos bem tratados pelas pessoas aonde vamos. Não temos mais aquilo de os
torcedores adversários hostilizarem as equipes esportivas de fora, como
acontecia antigamente. Aonde encontro dificuldades é quando cubro jogos de
futsal, que não têm cabines de imprensa e a gente tem que trabalhar no meio dos
torcedores. Mas de um modo geral, no futebol de campo, os estádios conseguem
atender as necessidades básicas da imprensa.
Existe algum tipo de
preparação vocal que você realiza para aguentar falar durante todo o jogo?
Faço aquecimento. Teve uma época que eu fazia
questão de comer uma maçã antes dos jogos, pois ela tem uma casca limpa e é uma
fruta com muito líquido, mas como não sou muito fã de maçã, parei com esse
hábito. Mas a água é fundamental, juntamente com os exercícios que faço com a língua
e mandíbula para relaxar a musculatura e aquecer a voz.
Como é sua rotina de
trabalho nos dias de jogo?
No caso da Rádio Difusora, a gente começa a
transmitir três horas antes do início da partida e vamos falando sobre a expectativa
para o jogo, dando notícias e opiniões. Apesar de eu não participar desde o
início da jornada esportiva, gosto de chegar cedo e acompanhar a chegada dos
torcedores e conversar com o pessoal da imprensa para ficar sabendo de tudo o
que está acontecendo nos bastidores das partidas e levar as melhores
informações aos ouvintes.
Como funciona o
processo de memorização dos nomes dos jogadores?
Como narro vários jogos da Caldense, já estou
habituado com os jogadores, mas a memorização da equipe adversária demora um
pouco. Confesso que não tenho muito o feeling
de olhar a cor da chuteira ou do cabelo para identificar os atletas. Me baseio
mais no nome e no número para identificar cada um, mas na escalação tento
associar o nome à posição do atleta porque sei, mais ou menos, aonde ele estará
no decorrer da partida. Nos primeiros dez minutos de jogo tento me familiarizar
com o nome e fisionomia de cada um, mas depois a coisa flui com mais
naturalidade.
O que você faz quando
não sabe como pronunciar determinado nome?
Quando isso acontece tenho que pedir auxílio
para o repórter de campo. Ele vai lá e pergunta para alguém do time, ou até
mesmo o próprio jogador, para saber qual a maneira correta de pronunciar.
O que você sente em
saber que durante um jogo várias pessoas estão te ouvindo e seu trabalho está
servindo como um registro de como foi o jogo para a posteridade?
Me sinto muito honrado. Sei que temos outras
duas emissoras de rádio transmitindo os jogos da Caldense aqui em Poços. Mas é
uma alegria muito grande saber que muitas pessoas estão nos ouvindo, sentadas
ao lado do rádio, atentas, principalmente nos jogos fora da cidade, em que o
pessoal não tem como ir ao estádio. Me sinto na obrigação de levar o máximo de
detalhes possíveis sobre o jogo e sinto uma felicidade muito grande em ser o
porta-voz das pessoas. Tento sentir a mesma emoção que o torcedor sente e
passar isso de uma forma verdadeira.
Texto e fotos: Renan Muniz.