Entrevista com Arnaldo: Ex-jogador da Caldense
O torcedor da veterana,
Renan Muniz, vem fazendo uma série de entrevistas com pessoas relacionadas à
Caldense. O quadro “Veteranos”, produzido para o Facebook da torcida Lama Verde,
já contou com a participação de diversos ex-jogadores, dirigentes, membros da
comissão técnica e companheiros de imprensa. O objetivo é registrar e resgatar
um pouco da história da Associação Atlética Caldense, além de conhecer e
valorizar as pessoas que trabalham e trabalharam em prol do clube. O entrevistado
desta semana é Arnaldo, considerado um dos melhores laterais-direito da
história da equipe alviverde. Confiram como foi este papo:
Por
quais equipes você atuou?
Iniciei minha carreira em
um time da minha cidade, a Esportiva de Guaratinguetá-SP. Depois passei pelo
Taubaté-SP, São José-SP, Flamengo de Varginha-MG, Atlético de Três Corações-MG
e por fim a Caldense-MG.
Como
foi sua chegada e passagem pela veterana?
O Geraldinho Martins
Costa tentou me trazer no começo de 72, mas acabou não dando certo. Ao final do
ano ele voltou a me procurar e assinei contrato. Cheguei junto com Gilberto
Voador e Roberto Cruz. Fui muito bem recebido e me estabeleci na cidade, onde
formei minha família e moro até hoje. Tive o privilégio de atuar pela Caldense
até 78, em um período de ouro da história do clube.
Quais
eram as principais características deste time que marcou época na década de 70?
Tínhamos a precisão dos
lançamentos e bolas paradas do Ailton Lira, a marcação e os passes refinados do
Jeremias, a explosão e a velocidade do Augusto, a garra do Buzuca, o Neto com
suas qualidades técnicas de estilo clássico, além da elasticidade do Gilberto
Voador.
Qual
foi sua partida inesquecível?
Em 76 recebemos o
Cruzeiro, que tinha acabado de ser campeão da Libertadores. Eles achavam que ganhariam
fácil da Caldense, mas perderam por 2 a 1. Gols de Ailton Lira e Augusto para a
Veterana e Jairzinho para a equipe celeste. Foi um jogo memorável.
Como
era seu estilo de jogo?
Quando eu jogava no
estado de São Paulo, os treinadores exigiam que os laterais apoiassem o ataque.
Por isso, cheguei em Minas já com essa característica, de apoiar os homens de
frente com passes e cruzamentos. Às vezes até conseguia chegar como elemento
surpresa no ataque e marcar alguns gols.
Como
era jogar no Estádio Cristiano Osório?
A Caldense fazia
prevalecer o mando de campo. A torcida ficava muito próxima ao gramado e
colocava uma pressão muito grande nos adversários, era difícil nos derrotar.
Havia um aconchego pelo fato de o campo ser no centro da cidade. Existia também
uma integração muito grande entre os torcedores e os jogadores, éramos quase uma
família.
Nos
anos 70 a Caldense teve um treinador que ficou muito famoso por seus rituais,
crenças e simpatias. Você se lembra de alguma história curiosa da época do
Juquita José Lúcio?
Sempre que a Caldense
precisava vencer, o Juquita usava uma bola preta para nos dar um “apoio
espiritual”. Certa vez fomos jogar em Uberlândia e tivemos que parar em Tambaú
para que o ele pudesse fazer o “trabalho” dele no cemitério de lá. Já havia
anoitecido e o local estava fechado. Ele decidiu pular o muro, acabou caindo
dentro de uma cova e começou a gritar: “me acuda, me acuda, estão querendo me
levar”. Tivemos que ajudá-lo a sair de lá e ele voltou para o ônibus cheio de
terra, pedaços de vela e flores no corpo. Foi muito engraçado. Apesar desse
lado folclórico, gostaria de ressaltar que ele era um estrategista, estudioso,
sabia dar treinos, impunha um padrão de jogo. Foi um dos grandes treinadores que
tivemos na época junto com Carlos Alberto Silva.
O
que a Caldense significa pra você?
Motivo de muito orgulho.
Devo minha vida à Caldense. Parei de jogar em 78, fui treinador interino por sete
vezes, preparador físico, auxiliar técnico, treinador de goleiros. Sempre dei
meu melhor e trabalho no clube até hoje. Aqui é minha segunda casa.
Para
finalizar, você tem alguma mensagem para a torcida da veterana?
Gostaria de agradecer
pela oportunidade de contar um pouco da minha vida e penso que está na hora de
a Caldense subir mais um degrau na sua história. Tenho certeza que se a torcida
se unir e incentivar o time, conseguiremos o acesso para a Série C. A hora é
agora. Um grande abraço!
Acesse a página da Lama
Verde no Facebook para assistir a esta e outras entrevistas na íntegra.