Entrevista com Ganzepe: Ex-jogador da Caldense
O futebol de Antônio Pedro de Alcântara
se destacava entre a molecada devido à sua velocidade. Franzino e serelepe, foi
apelidado de Ganzepe. Nasceu em Poço Fundo e jogou por equipes amadoras do sul
de Minas até se tornar profissional. Mas em 1971, chegou à Caldense para se
tornar um dos melhores jogadores da história do clube. Nesta entrevista com Renan Muniz, o craque falou sobre sua carreira.
Como era seu estilo de jogo?
Eu era um ponta-esquerda velocista
e cheguei a ser goleador, mas perdi espaço quando chegaram estrelas como
Cafuringa, Jeremias e Aílton Lira. O time se beneficiava da minha velocidade
pelas laterais do campo, eu fazia bons cruzamentos para a área, era um perigo
para a defesa adversária.
Quais eram os principais rivais da Caldense na época?
Nosso grupo era muito equilibrado,
todos tinham condições de jogar. Na década de 1970, sempre fomos considerados a
terceira força mineira. A torcida comparecia e nos incentivava. A rivalidade
era grande com as equipes do sul de Minas como Flamengo de Varginha, Atlético
de Três Corações e Esportiva de Guaxupé. As equipes da capital nos enfrentavam
esperando conseguir empate, dificilmente nos derrotavam.
Qual era o diferencial deste time dos anos 70?
O amor à camisa, a amizade e o
tratamento que recebíamos da cidade. Na época não havia patrocinadores. O clube
se mantinha com ajuda da prefeitura, dos comerciantes, dos hotéis e dos
torcedores. O futebol nunca parava, tinha jogo o ano todo. As coisas eram mais
simples, era gratificante jogar na Caldense, pois fazíamos isso com amor.
Você tem alguma história engraçada na Veterana?
Certa vez fomos jogar contra a
Esportiva de Guaxupé e eles tinham um lateral chamado Bassi. Ele vinha me
marcar, me chutava, dava murro e eu reclamava para o árbitro, mas não adiantava
nada. Eu estava ficando irritado. Fui cobrar um lateral e achei uma caixa de
fósforos no chão. Resolvi pegar um pedaço de madeira da caixinha e fingir que
era uma lâmina para intimidá-lo, mas ele não acreditou. Em seguida, achei um
prego. No primeiro lance que ele veio, espetei a barriga dele. Ele reclamou
para o juiz, mas eu fui esperto e escondi o prego. O jogo seguiu. No lance
seguinte, ele me deu um carrinho e quando caímos, risquei a perna com o prego.
O arbitro viu o sangue escorrendo, mas disse que o machucado era por causa da
queda. Depois disso, o Bassi ficou com medo de me marcar. Ele ficava há uns dez
metros de mim. Foi a maneira que encontrei para me livrar da marcação (risos).
Como foi o encerramento da sua carreira no futebol?
Em 1976 fui para o Vasco, conversei
com os diretores e estava tudo certo, só faltava assinar. Mas como eu ainda
tinha três meses de contrato com a Caldense não me liberaram e a transferência não
deu certo. Depois fui para o Atlético-GO e em seguida voltei para a Veterana.
Na época os clubes pequenos pagavam pouco e eu consegui um emprego em uma firma,
que financeiramente era melhor pra mim, foi quando parei de jogar.