Entrevista com Miro Ramos: Ex-jogador da Caldense
Ele é chamado de Almir Ramos
Barbosa na família, Miro Guerreiro no futebol, Miro Ramos no rádio e apenas
Miro por amigos e alunos. Nasceu em Caldas e mora em Poços há mais de três décadas.
Jogou pela Caldense e hoje é treinador em uma escolinha de futebol e também
repórter e comentarista esportivo na Rádio Cultura.
Renan Muniz - Como foi sua carreira no futebol?
Miro - Eu jogava desde pequeno com os
pés descalços nas ruas e campinhos da minha cidade. Era baixinho, mas me destacava
entre os grandões. Um dia me viram jogando e me trouxeram pra treinar na
Veterana em 73. Passei por todas as categorias de base até estrear no
profissional em 78. Fiquei até 80, mas voltei em 83 onde fui artilheiro do time.
Jogava como centroavante, meu forte era o cabeceio e a parte física. Atuei por
cerca de 12 clubes e encerrei minha carreira no Flamengo de Varginha após levar
um carrinho e sofrer uma contusão séria.
Qual o seu gol inesquecível pela Veterana?
Em 83 perdemos para o Atlético
por 2 a 1, mas fiz um golaço. O Paulo Roberto tocou para o Serginho Maracanã
que passou para o Chiquinho Assis. Ele foi no fundo pela esquerda e não deu um
cruzamento, deu pancada pra área. Eu tinha uma boa impulsão e subi. Testei a
bola como se fosse um chute e ela foi lá no ângulo, o João Leite não deu conta
de pegar (risos).
Você tem alguma história bizarra no futebol?
Minha família sempre esteve
ligada ao esporte. O Nei jogou no Guarani de Campinas e meu irmão Altair Ramos passou
pelo amador da Caldense e foi preparador físico do São Paulo. Certa vez ele
estava dando treino em uma tarde chuvosa e de repente caiu um raio na cabeça dele.
Eu estava em casa sossegado assistindo TV e fiquei sabendo da notícia pelo
Jornal Nacional, levei um susto muito grande. Disseram que fez muita fumaça e
que ficou um cheiro de queimado, mas ele se recuperou bem e não teve sequelas.
Como você começou a trabalhar no rádio?
Pedi para o José Carlos Silva
me dar uma oportunidade na Cultura e ele me levou um dia para participar do
programa, onde estou há quase quatro anos. Faço comentários esportivos e
reportagens sobre a Caldense. No começo fiquei um pouco nervoso, ansioso, mas depois
fui acostumando. A experiência de ter sido jogador ajuda bastante, pois me dá propriedade
para falar sobre o assunto.
Como surgiu a sua escolinha de futebol Bola na Rede?
Um dia eu estava conversando com
um amigo e decidimos criar uma escolinha, pois na época só havia o Craque de Ouro.
Começamos os treinos no campo do Hotel Floresta no dia 3 de novembro de 93 e
estou lá até hoje. Ofereço aulas gratuitas para crianças de 7 a 16 anos que não
tem condições de pagar e peço um valor simbólico para aqueles que queiram
contribuir com meu trabalho. Os treinos são divididos por faixa etária nos mais
diversos dias e horários, basta me procurar no Hotel Floresta. O que tento
fazer é colocar a criançada no caminho do esporte para que elas possam viver
com saúde, fazer novas amizades e aprenderem a vencer e a perder.